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quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O capitalismo, o Estado e a Propriedade Privada


A existência do Estado e do Capitalismo é racionalizada por seus apologistas como sendo um "mal necessário" devido à alegada incapacidade da maior parte da população para executar seus próprios negócios e os da sociedade, bem como a sua proteção contra o crime e violência. Os anarquistas percebem que muito pelo contrário, as principais barreiras para uma sociedade livre são oEstado e a instituição da propriedade privada. É o Estado que cria a guerra, a repressão policial e outras formas de violência, e é a propriedade privada - a falta de igualdade de distribuição da grande riqueza social, que cria a criminalidade e a privação.

Mas o que é o Estado? O Estado é uma abstração política, uma instituição hierárquica, através da qual uma elite privilegiada se esforça para dominar a grande maioria das pessoas. Os mecanismos do Estado incluem um conjunto de instituições como as assembleias legislativas, a burocracia do serviço público, as forças militares e de polícia, da justiça e prisões, e o aparelho de Estado subcentral. O governo é o veículo administrativo que dirige o Estado. O objetivo deste conjunto específico de instituições que são as expressões de autoridade nas sociedades capitalistas (e nos chamados "Estados socialistas") é a manutenção e ampliação da dominação das pessoas comuns por uma classe privilegiada, os ricos nas sociedades capitalistas, e os asshim chamados Partidos Comunistas em sociedades socialistas de Estado ou comunistas como a ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

No entanto, o próprio Estado é sempre uma estrutura de posição elitista entre os governantes e os governados- os que dão ordens e os que obedecem, os que têm tudo e os que não têm nada. A elite do Estado não é apenas os ricos e super-ricos, mas também as pessoas que assumem posições de autoridade do Estado: os políticos e funcionários jurídicos. Assim, a própria burocracia do Estado, em termos de sua relação com a propriedade ideológica, pode se tornar uma classe de elite em seu próprio direito. Esta classe de elite administrativa do Estado é desenvolvida não apenas por meio de distribuição de privilégios por parte da elite econômica, mas também pela separação entre a vida privada e a pública - a unidade da família e da sociedade civil, respectivamente - e pela oposição entre uma família individual e a sociedade em geral. É puro oportunismo, provocado pela concorrência capitalista e alienação. É um terreno fértil para os agentes do Estado.

A existência do Estado e das classes dominantes, com base na exploração e opressão da classe trabalhadora são inseparáveis. Dominação e exploração caminham lado a lado e, de fato, essa opressão não é possível sem força e autoridade violentas. É por isso que os anarco-comunistas argumentam que qualquer tentativa de usar o poder do Estado como um meio de estabelecer uma sociedade igualitária livre só pode ser auto-destrutiva, porque os hábitos de comandar e explorar tornam-se fins em si mesmos. Isto foi provado pelos bolcheviques na Revolução Russa (1917-1921). O fato é que os agentes do Estado "comunista" acumularam o poder político tanto quanto a classe capitalista acumula riqueza econômica. Aqueles que governam formam um grupo distinto, cujo único interesse é a retenção do controle político, por qualquer meio à sua disposição. Mas a instituição da propriedade capitalista, além disso, permite a uma minoria da população controlar e regular o acesso a, e o uso de toda a riqueza socialmente produzida e dos recursos naturais. Você tem que pagar pela a terra, a água e o ar fresco para alguma empresa gigante ou imobiliária.

Este grupo de controle pode ser uma classe econômica distinta ou o próprio Estado mas, em qualquer caso, a instituição da propriedade leva a um conjunto de relações sociais e econômicas, o capitalismo, em que um pequeno setor da sociedade colhe enormes benefícios e privilégios à custa da minoria trabalhadora. A economia capitalista se baseia não em satisfazer as necessidades de todos, mas em acumular lucro para poucos. Tanto o capitalismo quanto o Estado devem ser atacados e derrubados, não um ou o outro, ou um depois do outro, porque a queda de um não assegura a queda dos dois. Abaixo o capitalismo e o Estado!

Sem dúvida, alguns trabalhadores confundem o que eu estou falando com uma ameaça à sua propriedade pessoal acumulada. Não: os anarquistas reconhecem a distinção entre bens pessoais e a grande propriedade capitalista. Propriedade capitalista é a que tem como característica básica e propósito o comando da força de trabalho de outras pessoas por causa de seu valor de troca. A instituição da propriedade condiciona o desenvolvimento de um conjunto de relações sociais e econômicas, que estabeleceram o capitalismo, e esta situação permite que uma pequena minoria dentro da sociedade colha enormes benefícios e privilégios em detrimento da maioria trabalhadora. Este é o cenário clássico do capital explorando o trabalho.

Onde existe uma elevada divisão social do trabalho e organização industrial complexa , o dinheiro é necessário para realizar transações. Não é simplesmente o caso de que esse dinheiro seja moeda com curso legal, e seja usado no lugar de troca direta de mercadorias. Não se limita a isso: Capital é dinheiro, mas o dinheiro como um processo, que reproduz e aumenta o seu valor. O capital surge apenas quando o proprietário dos meios de produção encontra trabalhadores no mercado como vendedores de sua própria força de trabalho. O capitalismo se desenvolveu como a forma de propriedade privada que deslocou-se da propriedade rural agrícola para o estilo urbano de trabalho fabril. O capitalismo centraliza os instrumentos de produção e aproxima as pessoas como força de trabalho disciplinada. O capitalismo é a produção industrializada de mercadorias, que faz os produtos para o lucro, não para as necessidades sociais. Esta é uma distinção especial do capital e só dele.

Podemos entender o capitalismo, com base em nossas observações, como Capital dotado de vontade e consciência. Isto é, como aquelas pessoas que adquirem o capital, e funcionam como uma elite, classe endinheirada com o poder nacional e político suficiente para governar a sociedade. Além disso, que o capital acumulado é dinheiro, e com o dinheiro eles controlam os meios de produção, que são definidos como as usinas, minas, fábricas, terras, água, energia e outros recursos naturais, e os ricos  sabem que estas são a sua propriedade. Eles não precisam de pretensões ideológicas, e não têm nenhuma ilusão sobre "propriedade pública".

Uma economia, como a que nós esboçamos brevemente, não se baseia na satisfação das necessidades de todos na sociedade, mas em vez disso se baseia na acumulação de lucros para poucos, que vivem no luxo palaciano como uma classe ociosa, enquanto os trabalhadores vivem na pobreza ou separados dela por um contracheque. Você vê, portanto, que acabar com o governo também significa a abolição do monopólio e propriedade pessoal dos meios de produção e distribuição.

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